Há quem goze do uso do termo ?TCHÊ? e ache até chulo-grosseiro este linguajar. Mas, se soubessem a sua origem, mudariam de opinião. Sotaques e regionalismos na hora de falar são conhecidos desde tempos imemoriais: Todos na casa do sumo sacerdote reconheceram Pedro como discípulo de Jesus pelo seu jeito "Galileu" de se expressar. No Brasil não seria diferente. Quem já não ouviu um gaúcho dizer: "Barbaridade, Tchê"? Ou de modo mais abreviado "Bah, Tchê"? Essa expressão, própria do sul, tem um significado muito curioso. Para conhecê-lo, é preciso falar um pouquinho do espanhol, de quem os gaúchos herdaram o "Tchê". Antigamente, o fervor religioso imposto pela igreja católica era muito grande, notadamente entre a população mais simples. Associe-se a isso o fato da língua oficial dela e dos cultos ser o latim. A linguagem falada no dia-a-dia era dominada por expressões religiosas como: "vá com Deus", "queira Deus que isso aconteça", "juro pelo céu que estou falando a verdade" e assim por diante. Uma forma comum das pessoas se referirem a outra era usando interjeições também religiosas como: "Ô criatura de Deus, por que você fez isso"? Ou "menino do céu, onde você pensa que vai"? Muita gente especialmente no interior ainda fala desse jeito. Os espanhóis preferiam abreviar algumas dessas interjeições e, ao invés de exclamar "gente do céu", falavam apenas Che! (Tchê) que é a abreviatura da palavra caelestis (se lê tchelestis) e significa ? Do céu? Usavam essa expressão para expressar espanto, admiração, susto. Era uma forma de apelar a Deus na hora do sufoco. Mas também se serviamdela para chamar pessoas ou animais. Como palavra integrante da cultura espanhola, o tchê passou a ser usado também nas colônias latino-americanas, ou seja, pelos gaúchos originais(vaqueiros do pampa argentino, uruguaio e do Rio Grande do Sul). Estes últimos, embora falassem português, acabaram incorporando o termo ao seu linguajar. Exclamar "Tchê" ao se referir a alguém significa considerá-lo alguém "do céu". Que bom seria se todos nos tratássemos assim, considerando uns aos outros como gente ?do céu?.